terça-feira, 10 de abril de 2007

Memórias que a barbárie não apagou

de Siem Reap, Camboja

Quando os franceses chegaram ao Camboja, em 1863, mato foi só o que encontraram. Por baixo dos cipós, os restos do centro do reino Khmer de Angkor, império que dominou por 600 anos – do século 9 ao 15 – a área que hoje compreende Camboja, Laos, Vietnã e Tailândia. Dezenas de quebra-cabeças que ao serem montados tomariam a forma de Angkor Wat, Angkor Thum, Banteay Srey e tantas outras obras-primas da arquitetura Khmer.

A sensação de chegar a Siem Reap é quase indescritível. A grandiosidade das construções de pedra, que remetem a um passado longínquo de luxo e prosperidade, contrasta com a pobreza do que restou da população cambojana, dizimada pela barbárie do Khmer Rouge comunista de Pol Pot na década de 70.

Construído na primeira metade do século 12 pelo rei Suryavarman II, o Angkor Wat levou 30 anos para ser finalizado e foi uma das primeiras descobertas dos colonizadores franceses no século 19. É o maior templo do império Khmer e um dos que menos sofreu a ação do tempo. Para subir no alto das torres, é necessário escalar escadarias íngremes, de degraus estreitos. A explicação para tanto sacrifício é religiosa: os degraus forçam os fiéis a subir com o corpo curvado, como numa reverência, e a descer sem virar o rosto para Buda. No alto de Angkor Wat se avista a planície e, ao cair da tarde, centenas de turistas se misturam aos monges para assistir ao pôr do sol.

Não muito longe dali está o templo Bayon e suas 54 torres decoradas com 216 rostos de Buda. Erguido um século depois de Angkor Wat, a construção passou por várias mudanças. Pelas paredes, desenhos esculpidos na pedra contam a história da civilização cambojana: do dia-a-dia do cidadão comum às batalhas contra Chineses e Vietnamitas.

Um pouco mais afastado de Angkor Wat está outra maravilha da arquitetura Khmer – o Banteay Srey, o Templo Rosa. Em excelente estado de conservação, é uma construção baixa, toda em arenito cor-de-rosa. Como as escadarias, os portais foram construídos muito mais baixos que a estatura média da população, para que quem ali entrasse tivesse que abaixar a cabeça, sempre em respeito à divindade maior: Buda.

Publicado em 3 de março de 2004.

2 comentários:

Anônimo disse...

Heheheh, adorei o blog. Pretendo acompanhar de perto. Parabéns pelas belas fotos.
Beijos,
Mario Araujo

Josiane Dias disse...

Show de bola!!!
Adorei seu blog: bem escrito (humor e inteligência), lindas fotos e excelente diagramação!Tudo de bom.
Você é fera menina!!!
Parabéns.
Josiane Dias.