quinta-feira, 28 de junho de 2007

China de todas as crenças

de Pequim

Liberdade de credo é direito garantido pela constituição chinesa. Salvo em tempos de tensão política, como na Revolução Cultural, entre 1966 e 1976, ou quando se fala em Budismo Tibetano, a China se mantém entre os países com maior diversidade de culto religioso – ao contrário do que se pode imaginar à primeira vista. Vão das crenças tradicionais, como o confucionismo e taoismo passando pelo budismo, islamismo e as mais diversas formas de cristianismo.


Em Pequim estão dois dos dez mais fantásticos templos chineses. O Tian Tan, ou Templo do Céu, concluído em 1420, simboliza a relação entre céu e terra – o mundo de Deus e o mundo humano, centro da cosmogênese chinesa – além do papel dos imperadores nessa relação. Parte do Templo do Céu, o Qinian Dian, ou “salão de orações para a boa colheita” é uma edificação circular feita em madeira, sem a utilização de um único prego. Considerada o maior símbolo da arquitetura imperial chinesa depois da Cidade Proibida, foi consumida pelo fogo em 1889, mas no ano seguinte uma réplica do salão de telhado azul de 38m de altura e 30m de diâmetro substituiu a original.

No meio do salão, 28 pilares simbolizando constelações foram arranjados conforme as divisões do tempo: quatro centrais para cada estação do ano; os 12 seguintes, para os meses, e os 12 externos representando as horas do dia. E nessa miscelânea de simbologias, o que mais impressiona é o teto, um caleidoscópio de estruturas pintadas com figuras de dragões e fênices.

Tal como na Europa pré século 20, na China o limite entre religião e governo – principalmente durante as dinastias Ming e Qing – foi bastante tênue. O maior exemplo dessa simbiose é o Templo de Lama, o Yonghe Gong, uma imensa residência que virou templo quando Yongzheng tornou-se imperador e mudou-se para a Cidade Proibida.

Yonghe Gong foi concluído em 1694 e convertido em mosteiro de lamas em 1744. Sob os telhados amarelos, há hoje uma coleção de queimadores de incenso, alguns deles datados do século 18, além de uma urna usada em rituais durante o reino de Qing Qianlong, imperador que determinava reencarnações de Dalai Lama, o líder da seita Budista no Tibete.

Publicado em 5 de fevereiro de 2005.

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