sexta-feira, 22 de junho de 2007

Bem por trás do exército de terracota

de Xi’an, China

Quem não ouviu falar nos guerreiros de Xi’an expostos na Oca, em São Paulo, no ano passado? O que nem todo mundo sabe, é que por trás do fantástico exército modelado há mais de 2 mil anos para guardar a tumba do imperador Qin Shi Huangdi, existe muito mais do que tais estátuas de argila cozida.


Escondida no final de uma ruela — na qual vendedores vestidos como manda a tradição muçulmana comercializam de tudo — está um dos tesouros arquitetônicos da cidade. Qingzhenssi, a Grande Mesquita, foi fundada em 742 d.C, em plena dinastia Tang, época em que Xi’an era chamada Chang’an (em cinês, “paz eterna”) e servia de base militar e comercial para o conturbado controle chinês da Rota da Seda. A Mesquita, em seus pavilhões, torres e plataformas, mistura estilos tradicionais da arquitetura Han e Islâmica: telhados de pontas retorcidas, típicos chineses, mas de telhas azul-esverdeadas, pouco comuns na arquitetura local. Um dos pontos mais tranqüilos da cidade, Qingzhenssi é também o centro da comunidade islâmica que reside na cidade há mais de 1.200 anos.

Outro ponto alto da cidade (literalmente, pois tem 64 metros de altura), considerado obra-prima da arquitetura, é o Dayan Ta, ou Pagode do “Grande Ganso”, o mais conhecido templo de Xi’an. Construído em 652 d.C, abriga escrituras e as estátuas de Buda trazidas da Índia na dinastia Tang.

Mais afastadas do centro de Xi’an, mas não menos grandiosas, estão as piscinas Huaing, ou as Termas dos “Nove Dragões”. Nestas águas cálidas, ao longo de mais de 3 mil anos, imergiram imperadores, que, através das dinastias iam construindo no local novos nichos para desfrutá-los com suas concubinas. Muito mais tarde, em 1936, foi em um dos pavilhões de Huaing que culminou o Incidente de Xi’an. Negando-se a se aliar ao Partido Comunista Chinês para lutar contra o Japão, o general Chiang Kai-shek optou por lutar contra ambos. Escondeu-se em Huaing para ser então capturado por dois generais nacionalistas. Recuou seu governo para Formosa (Taiwan), onde continuou atuando, dali para frente como presidente da recém-formada República da China.

Publicado em 1º de outubro de 2004.
Foto de Chiang Kai-shek: Governo dos Estados Unidos (Domínio Público)

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